ATUALIZAÇÃO: Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.
Cheguei certo de que era um Top (participante
ativo). Antes de conseguir ir ao primeiro evento, eu tinha minhas dúvidas. Li
um pouco, perguntei um pouco, coincidentemente naquela semana eu presenciei
vários debates sobre o que define um Switcher ou não e... Caí no limbo
existencial.
Minhas certezas, minha convicção de macho
dominante, todo aquele lindo amontoado de orgulho... Foram debulhadas.
Foram tantas informações, tantas opiniões
divergentes, convergentes – boa parte até mesmo tangente ao assunto – que eu me
senti perdido. Justo no momento que bati o martelo e disse pra mim mesmo
“finalmente me achei” – justamente por
achar que é legal estar, em alguns momentos, impossibilitado de esticar minhas
mãos e tocar a mulher que está fazendo um strip-tease pra mim; ou então, de, em
um dado momento em uma transa, simplesmente deitar e deixar que ela faça o que
quiser – meu mundo caiu de novo.
Até que, finalmente, um evento! Ao chegar,
vislumbro vários fetichistas de fora do BDSM e alguns Dominadores e
Dominadoras. Passei as 4 ou 5 horas da festa praticamente em silencio total,
observando, absorvendo, analisando, tentando compreender tudo aquilo.
Ao sair da festa, um ligeiro bate papo com
algumas pessoas na padaria, muitos risos, piadinhas e uma sensação de
reestruturação da minha condição de Dominador.
Mais tempo se passando, mais leituras e mais
teoria, relembrando a festa, lembrando dos papos nos bares com outras pessoas
de todos as “classes” BDSM-ísticas, mais reflexões sobre meu passado, minha
experiências, minhas frustrações e, lentamente a certeza foi voltando. Sim,
agora é definitivo: sou um Dominador.
Até que num dia, inesperadamente, a primeira
sessão ocorreu. Ela, uma masoquista convicta - mas nem um pouco submissa fora da
cama - retornando ao meio depois de alguns meses afastada; eu, um Dominador
sádico convicto, mas ainda sem nenhuma experiência BDSM oficial (já fazia
spanking com namoradas no baunilha desde... Bom, desde a primeira, creio eu).
...
Ao término da sessão, ambos cansados, o êxtase provocado pelo que tinha acabado
de acontecer ainda descarregando adrenalina e só então eu consegui prestar
atenção no que estava sentindo. E isso me provocou uma epifania: Finalmente eu
pude ser eu mesmo. Sem amarras sociais, sem medos excessivos. Mas veio com um
“problema” para o qual eu finalmente abri os olhos: minha resistência à dor não
é só resistência, é ligeiramente prazerosa. Em momentos específicos, um tipo de
estímulo doloroso específico faz aflorar meus instintos mais basais, mais
animais.
E lá estava ela de novo, a dúvida, reforçada
por um comentário brincalhão insinuando que os arranhões q eu levei, ela mesma
não suportaria.
O grande foco da dúvida não é a questão de
saber do que gosto ou não, mas uma questão típica do ser humano: a vontade de
classificar.
Graças a uma série de leituras a respeito das
atribuições de “títulos” (desde debates acalorados no Facebook e no Fetlife a
textos encontrados por acaso em momentos que não tive a mínima esperteza de
salvá-los), a visão mais aceita, a definição menos controversa – e a que faz
mais sentido – é a que diz que um mesmo indivíduo pode ser Dominador em uma
relação D/s, ser Top nas práticas bondagistas, ser sádico e, ainda assim, ter
prazer na dor. Escolha qualquer combinação quiser entre as muitas práticas, e
todas elas serão possíveis.
Em um texto de um assunto BDSM, mas
completamente destoante deste escopo, vislumbro 2 frases que resumem
magnificamente essa eterna questão:
"Rótulos não significam realmente nada além do significado que nós damos a eles. Sempre converse e deixe claro o que seus termos significam, pois assim você terá certeza de que ambos ou todos vocês estarão o máximo possível na mesma página."
Morgan @ The Dominant Guide
Por hoje, é isso.
Ainda preciso de mais dados práticos (uma vez cientista, sempre
cientista, rsrs – sou biólogo).
Por enquanto, minha definição continua como sádico, mas abrirei um
parênteses mental incluindo um “talvez masoquista” praquela pessoa que, quem
sabe um dia, venha merecer fazer o teste.
C y’all later!
Meu caro, se me permite comentar... não se preocupe tanto com rótulos... preocupe-se mais em saber o que você gosta, o que você quer, e correr atrás daquilo que te faz feliz.
ResponderExcluirAssim como você eu sou Dominador e sádico, mas ao mesmo tempo em alguns momentos específicos eu tenho comportamento masoquista (gosto de unhadas nas costas, principalmente durante Rape Play) e adoro brincar e acariciar os pés da minha menina, sem adoração, pois realmente não é a minha praia, mas com muita massagem e carinho...
Continue acumulando conhecimento sobre o BDSM e sobre si mesmo pois este é o caminho.
Grande abraço.