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sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Impact play 104 - Cropping Básico (tala de equitação)

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.


EDIT: O Mestre Ferreiro me alertou pra um detalhe: o nome correto do instrumento não é CHIBATA, e sim, TALA DE EQUITAÇÃO (alguns ainda chamam de chicote de equitação), então alterarei no texto todo e vou encurtar para "tala". Importante não confundir com as chamadas talas largas de couro semelhantes a paddles.

Continuando a série "Impact Play" (se você não leu os artigos anteriores, leia aqui: 101, 102, 103, Warm Up), o assunto deste post são as talas de equitação.

Se você já fez aquela busca básica no Google sobre esta ferramenta mega divertida, provavelmente, assim como eu, você deu de cara com zilhões de textos sobre a Revolta da Chibata. Não, este texto não tem nada a ver com isso. Prometo. (A menos que a sua brat se revolte e roube a sua chibata tala)

O QUE É CROPPING?


Cropping é o ato de utilizar um instrumento flexível, semelhante a uma vara (não, não tem nada a ver com Caning; isso virá no futuro, podem cobrar), mas com um pedaço ou uma tira de couro presa numa das extremidades.

Riding Crop é o nome da Tala de Equitação em inglês e é um instrumento bastante utilizado no meio equestre como forma de atiçar o cavalo a se locomover, por meio de toques. No meio equestre, é considerado um dos tipos de chicotes.

Talas de equitação são acessórios excelentes para aquecimento e punição genital. Lembre-se: não compartilhe os acessórios entre bottoms diferentes. A higienização perfeita é quase impossível e, a menos que exista uma certeza absoluta 100% garantida sem dúvida nenhuma de que nenhum dos dois vai transmitir nada prejudicial ao outro, é bom evitar para que ninguém saia da sessão com um cogumelo radioativo crescendo no meio das pernas.

A tala é dividida em 3 partes. Essas partes são:

Rod [ród](vara): é a parte principal da tala. Uma vara, geralmente de fibra de vidro, fibra de carbono ou alguma madeira flexível, como bambu, revestida por algum material como tecido, fitas, borracha ou couro;

Handle [rendou](cabo, punho): é a parte por onde o cavaleiro (no nosso caso, o Top) segura a tala. Reveste uma das pontas da tala, podendo chegar a atingir metade do comprimento total do instrumento e pode ser de couro, borracha, fitas para raquetes de tênis... Enfim, uma grande variedade de materiais que tornem a pegada confortável.
Geralmente vêm com uma fita ou alça acoplada, de modo que dificulte a perda durante a cavalgada, ficando pendurada no punho do portador;

Keeper [quíper](vou chamar de "guarda", mas não consegui achar o nome correto. Caso alguém saiba, por favor, me diga que eu edito isso aqui) EDIT: Mestre Ferreiro deu o toque. O nome é PONTEIRA. Vou manter o detalhe do final pq serve como explicação.: é a parte onde ocorre o toque com o animal (ou, no nosso caso, o bottom). É composta por uma tira ou uma placa, geralmente de couro, que cobre a ponta da vara, impedindo (no nosso caso, minimizando) que a pele do animal seja marcada pelos golpes.


Sim, fiz esse esquema no Paint. Tava com preguiça.


COMO ESCOLHER UMA TALA


Talas, apesar de bem simples, podem sofrer uma série de pequenas variações que irão alterar desde meras características estilísticas e visuais, até mudanças drásticas nas sensações que causarão (usei "drásticas" apenas em comparação de uma tala para outra, visto que em comparação com variações possíveis com um flogger, talas seriam "todas iguais").

Variações no cabo: podem gerar maior ou menor segurança para quem maneja o instrumento.

Espessura: Este é um fator que dependerá muito do tamanho da mão do usuário e como este se sente melhor. Há quem prefira cabos mais finos, outros mais espessos.

Comprimento: Aqui, um iniciante pode sentir bastante diferença. Alguém mais experiente, nem tanto. O cabo favorece um maior controle da tala devido à forma de movimentá-la para o uso (mais à frente). Sendo assim, cabos mais longos podem facilitar a mudança de posição da mão sem alterar tanto a pegada, o que favoreceria o controle àqueles que ainda não o tem. No entanto, como todo material para impact play, o caminho é treino constante, então isso pode ser facilmente sanado sem a necessidade de um cabo maior e, consequentemente, mais pesado.

Textura e material: Outro fator que vai depender de pessoa para pessoa. Cabos mais lisos podem ser mais escorregadios que texturizados. Cabos de borracha tendem a ser menos escorregadios que cabos de couro. Há quem prefira de um jeito ou de outro. Infelizmente, o único jeito é testar e ver qual te agrada mais.

Alguns cabos possuem alças e outros possuem uma terminação mais larga, apelidada de "cogumelo". Ambos os detalhes servem para garantir uma maior segurança ao cavaleiro de que a tala não cairá no chão durante a cavalgada. No nosso caso, isto é um tanto quanto desnecessário (mas a alça cai bem pra pendurar junto com os floggers).



 



Variações na vara: podem gerar mais velocidade ou flexibilidade.

Material:
  1. Fibra de vidro é, aparentemente, o padrão. Sua espessura varia de 5 a 8mm (em geral. Já vi aberrações de 10mm e coisas risíveis mais finas) o que dá uma boa média entre resistência e flexibilidade. Além disso, é bastante leve.
    (Momento $$$ jabá: As que eu fabrico, são feitas com fibra de vidro. Se quiser comprar, manda mensagem. Elas são baratinhas. Juro).
  2. Fibra de carbono também é usada, porém em escala muito menor, devido ao alto custo do material. É praticamente indestrutível e possui as mesmas características da fibra de vidro, sendo um pouco menos flexível e mais leve.
  3. Fibras naturais como bambu podem ser utilizadas, mas dependerão de uma construção mais robusta para reduzir a chance de fraturas, visto que, dependendo da força do impacto, a vara pode vir a quebrar e farpas podem ser ejetadas e causar ferimentos não planejados.
  4. Tubos de plástico são amplamente utilizados em talas de sex shop. Nem vou me dar ao trabalho de dizer pra evitar isso, né? Sério. Não compre. Se tiver uma, jogue fora.

Revestimento: É algo puramente estético. Podem ser utilizados tecidos trançados semelhantes a uma corda, couro, fitas (de cetim, de marcação, isolantes). Varia de fabricante para fabricante e vai do gosto do freguês.

Comprimento: talas normalmente medem até 75cm de comprimento, podendo ser muito menores, medindo cerca de 25cm, 30cm. Isso influencia no ganho de velocidade e intensidade possível do golpe (quanto mais longa, mais momento gera e atinge uma velocidade e intensidade de impacto maiores). Tanto as longas quanto as curtas são bem divertidas e podem ser usadas em conjunto ou alternadas para variação de sensações.






Variações no Keeper: Estas são as que farão a diferença para o que o bottom irá sentir.

Material:
  1. Geralmente é feito de couro natural. É bastante  macio (nas talas, que fique claro) e a flexibilidade pode ser extrema (balança de um lado pro outro) e bem pouca (ficando numa posição mais fixa). 
  2. Couro sintético é bem comum também, tendo as mesmas características do couro natural.
  3. Borracha. Esse é a verdadeira encarnação de satanás em forma de tala. É um material que não deforma, tem flexibilidade muito menor que o couro (dependendo da espessura) e tem, como característica intrínseca, a capacidade de produzir um sting (leia os textos anteriores se não sabe o que é isso) consideravelmente alto (Preciso fazer uma de borracha pra mim, hehehe).

Dizem que existem talas com keeper de tecido, mas eu nunca vi, então fica aí a lenda pra quem quiser investigar mais a fundo.

De modo geral, quanto mais rígido e/ou espesso o material, mais intensa será a dor provocada e, consequentemente, quanto mais flexível e/ou fino for o material, mais suave será o efeito causado.

Formato: Geralmente são de formato retangular, podendo ser uma peça única dobrada ao meio ou duas partes costuradas, totalmente ou não, uma à outra (essas variações não interferem em nada efetivo).
No entanto, quando saímos do formato quadrado, abrem-se as portas da Felicidade e o céu é o limite. Podem ser triangulares, circulares, em forma de coração, trapezoidais, com o formato do nariz esquisito da sua tia, enfim... muitos mesmo.

Comprimento: Keepers têm, em média, algo entre 4 e 6cm de comprimento. Os tamanhos podem variar e isso irá alterar diretamente a sensação no bottom, onde os mais curtos causam uma sensação de thud mais perceptível e mais longos irão "chicotear", provocando um sting mais proeminente.



Algumas podem ter adição de spikes, ter formatos muito loucos e diferentes... Enfim, o keeper é onde toda a criatividade pode surgir.




 




SEGURANÇA


Se você já viu a foto do "onde bater" no outro texto, segue em frente. Se não viu, clique AQUI e vá ver antes de seguir.

Já disse em outros textos, já disse nesse e vou dizer de novo:

ANTES DE BATER EM ALGUÉM, NÃO SEJA UM BOÇAL. TREINE. Muito. Muito mesmo... Mais um pouco... Isso... continua que um dia cê consegue dizer que sabe usar uma tala sem arrancar um olho alheio.

Você não gostaria que um imbecil pegasse uma vara e te batesse com ela de qualquer jeito, certo? Então não faça isso com seu bottom. Não estrague o brinquedinho.

Fora isso, volte no post sobre Flogging que fala disso também (AQUI) e veja os detalhes de segurança em geral (sim, você precisa se alongar para cropping também, acredite).

...

E agora que você já está se sentindo uma bolinha de ping-pong pulando de uma página pra outra e já tem 464376439 janelas abertas no seu navegador, vamos à parte mais esperada (e decepcionantemente) a mais simples do post.



COMO USAR UMA TALA


Sim. Usar uma tala é MUITO mais fácil que usar um flogger. A menos que você tenha a capacidade motora de uma lombriga com Parkinson no frio, você consegue fazer isso funcionar bem rapidamente (sim, eu posso fazer piadinhas com Parkinson pq meu pai tem. Leve seu mimimi pro Casos de Família).

Essa explicação será dada usando um travesseiro, uma tala e a minha mão. Siga os passos direitinho pra treinar e em pouco tempo você pode brincar com bundas alheias (que permitirem, óbvio) por aí.

Segure a tala pelo cabo. Você pode tanto segurar com a mão fechada em volta do cabo quanto com o indicador esticado. Eu, particularmente, prefiro a segunda maneira para movimentos mais curtos, delicados e precisos; e a primeira maneira para golpes mais fortes.

                                    



Mantenha seu braço fechado, com o cotovelo flexionado a aproximadamente 90°. Isso significa: Cotovelo na costela, mão com a tala pra frente do corpo.



O movimento todo ocorrerá no punho. Você não precisa mexer o resto do braço pra causar impacto forte, ainda mais se a tala for longa (lembra das aulas de física, né?).

Treine em um travesseiro ou almofada que tenha padrões estampados mais ou menos do tamanho do keeper. Isso vai te fornecer um alvo bem delineado pra golpear repetidamente e treinar sua mira.

Comece mirando bem no meio do alvo. Depois na borda um pouco mais pra esquerda, depois pra direita, pra cima e pra baixo.



Ado, a-ado, dá com a tala no quadrado!





Pegue mais pra frente do cabo. Teste de novo o movimento. Sentiu a diferença? Repita o treino da almofada.





Com o tempo, você se habitua à sua tala e adquire mais confiança. Nessa hora, descanse. Assista a um episódio da sua série favorita e então, recomece do zero. Pratique por uns dias até você não errar (ou errar o mínimo possível, já que herrar é umano) e só então, passe do travesseiro para uma bunda de verdade.

Com o tempo e a prática, você pode começar a arriscar movimentar o cotovelo também para gerar mais impacto, apesar disso ser bastante desnecessário.



TALAS NO SENSATION PLAY

Talas não servem só pra bater, amiguinhos. Se você teve o (des)prazer de assistir aquela piada de mau gosto aquele filme "50 Tons de Cinza", deve ter visto que o brother multi-mega-milionário usava uma tala de um jeito bem diferente na songa monga que parecia atriz de Malhação.

Ele estava fazendo uso da tala para fazer carícias. E, sim, por mais que eu odeie admitir, esta parte foi bem representada no filme. Dependendo do material do keeper, ao deslizá-lo pelo corpo do bottom, passando pelas zonas erógenas e "massageando", pode-se obter várias sensações gostosas. Leves batidinhas podem ser combinadas com o deslizar para provocar sensações diferentes. Nessa hora, boa coordenação motora vem a calhar e usar a mão ou algum outro acessório para criar essa variação de estímulos pode ser uma explosão de prazeres (isso soou meio que... bordão do Faustão, né? "Uma explosão de prazeres, ô loco, bicho!")






O QUE NÃO FAZER COM SUA TALA


Você certamente já viu aquelas fotos lindas e fodásticas de uma Domme ultra gostosa segurando uma tala mais curvada que as pernas do Garrincha, né?
Pois é, não seja essa Domme. Isso vai danificar sua tala e, na melhor das hipóteses, deixar a pobrezinha toda torta. Talas são flexíveis, não dobráveis. Na pior das hipóteses, essa porra vai quebrar na sua mão e você vai ficar com cara de tacho. Isso se não rolarem farpas ou estilhaços encravados em alguma parte preciosa do seu corpo.



Lembra q eu falei láááá em cima que ia chamar o keeper de "guarda" (e acabei chamando de keeper mesmo o texto todo)?
Keeper significa, literalmente, guardador, protetor. Ele serve para proteger tanto a pele atingida do contato direto com a ponta da vara, quanto para proteger a ponta da vara do contato direto com qualquer coisa atingida. Isto significa que NÃO É PRA BATER COM O MEIO DA VARA, SEU ANIMAL!

Titio já disse que tala não é cane, então não improvise. Tala não é pinto. Você pode, finalmente, manter a promessa do "só a pontinha".

Guarde sua amiguinha sempre pendurada ou deitada numa gaveta para evitar que ela possa vir a empenar ou quebrar.




















É isso, pessoal. Pratiquem aí e divirtam-se.

Até a próxima!

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Impact play Warm up - Um adendo

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.



E aí, povo! Curtindo o blog? Curtindo a série "Impact Play"? (101, 102, 103)

Então, percebi que faltava um item IMPORTANTÍSSIMO em todos os textos que me passou batido (talvez pela obviedade), mas que, para muitos que estão iniciando é algo novo.



WARM UP ou AQUECIMENTO


No texto sobre Flogging eu citei na parte "Como usar um flogger", no item 1, que deve-se começar com um flogger leve para esquentar, mas não discorri sobre o assunto.

Pois bem, vamos lá!

Aquecimento é uma parte muito importante da sessão de Impact play. É normalmente tido como o momento em que o Top irá preparar o corpo do bottom para impactos mais fortes e intensos. No entanto, esse é apenas um dos objetivos.

O aquecimento é o que irá garantir que ninguém sofrerá demais logo de cara e que ambos os envolvidos entrarão no mesmo head space (popularmente conhecido como "estado de espírito").

É neste momento que o bottom irá se acostumar com o toque do Top, então vale tudo, passar as mãos pelo corpo do bottom, pequenas apertadas, beliscões suaves, tapas fracos... Nessa hora, deve-se gerar o maior contato possível para que o bottom relaxe a mente e prepare o corpo para o que está por vir.

Para parceiros de longa data, esse contato maior pode parecer um pouco exagerado ou, até mesmo, desnecessário, mas para parceiros novos, é perfeito para que o bottom se acostume com o Top.



LOW AND SLOW


Este é o termo em inglês para o início do spanking. Significa, literalmente, baixo e lento.

E o que isso quer dizer?

"Low" quer dizer que a intensidade dos golpes deve ser baixa no início, para evitar sustos, danos e lesões de longo prazo, além de não ser considerado nem um pouco prazeroso de forma geral (ok, tem quem prefira já começar sendo atropelado por uma cavalaria, mas são exceções).

"Slow" quer dizer que os movimentos devem ser mais lentos no começo, dando tempo para a absorção completa entre um golpe e outro.

Em uma sessão de impact play, isto pode ser visto claramente, ao notarmos o sangue vindo lentamente para a superfície da pele, deixando-a ruborizada (rosada, avermelhada).

Além de colocar todo mundo no estado de espírito da cena, o aquecimento ajuda a colocar cada um nos seus lugares e estimular uma sessão mais sensual, além de reduzir a chance de hematomas muito intensos (que muita gente evita por diversos motivos).



COMO AQUECER


Primeiro, um bom alongamento. Pra o Top, alongue principalmente os braços, as costas e o pescoço.
Para o bottom, se for rolar bondage, alongue bem o corpo todo. Se não for rolar, um alongamento rápido de pernas e costas já vai ajudar.

Comece com os toques (aqueles que eu citei ali em cima). Carícias, apertões no peito, costas e bunda, pequenas torções nos mamilos, uma pegada mais intensa na nuca... isso tudo vai acabar parecendo uma massagem (e serve no aftercare tb)

Tapas suaves misturados com os apertões já podem ser feitos.

Todo mundo molhadinho e durinho?




CAAAAAAAAAAALMA!

Agora vocês podem começar com os instrumentos de fazer marquinhas, mas comece LOW AND SLOW.
Os tapas podem ser mais fortes que antes, mas não exagerados. Se tiver mais de um flogger, comece com o mais suave e leve deles. Se tiver mais de uma chibata, use a mais macia. 

Use esses instrumentos como uma extensão do seu corpo e vá passando gradualmente das carícias e pequenos toques rápidos para toques mais fortes e menos carinhosos.

Pode mesclar uma sequencia de golpes suaves de um flogger leve com um tapa mais forte, ou vários tapinhas de chibata recheados de um esporádico golpe mediano com flogger. 

Vá reduzindo a quantidade de golpes suaves e aumentando os medianos. Mantenha os medianos e vá inserindo os fortes aos poucos.


Escalada gradual da intensidade


A chance de orgasmos nessa situação é incrivelmente alta, principalmente para masoquistas.

Alternar os movimentos e quebrar um pouco a ordem pode gerar surpresa e "baixar o clima" um pouco, aumentando a tensão e gerando aquela sensação de curiosidade no bottom.
Movimentos ritmados e repetitivos tendem a pôr o bottom em um "transe". Explore bastante essas possibilidades, mas fique atento ao bottom para que este não "se perca" e entre num clima ruim, o que iria acabar automaticamente com a sessão e potencialmente deixá-lo com medo do Top.

Fazendo tudo isso com carinho, cuidado e atenção, você, Top, garante que o bottom siga um caminho levemente inclinado em direção ao subspace/bottomspace/o-nome-que-você-quiser-dar/eu-chamo-de-Nárnia.

Dessa maneira, você, Top, se desgasta menos por estar aumentando gradativamente a intensidade muscular exigida, e vai se aquecendo também. Literalmente. (eu fico quase febril, suando mais que a bunda do capiroto no caldeirão do huck inferno)

Você, bottom, se tiver uma experiencia dessas, vai se sentir "subindo" pouco a pouco, até entrar naquele estado mental onde tudo o que está acontecendo se mistura e a noção de tempo se perde. Quando a confiança no Top existe e é alta, essa "perda de consciência" se transforma em uma entrega absoluta, deixando ambos em um head space magnífico.

Para o Top sádico, cuidado nessa hora para não entrar em Top space e perder a noção das suas ações. 

...

Se tudo deu certo, foi feito direitinho, todos estão bem, ao final da sessão, ambos estarão experimentando picos hormonais incríveis e vale MUITO a pena aquele banho de banheira seguido de um aftercare lento e bem carinhoso.

Tops, tenham sempre um chocolate na bolsa de acessórios para os bottoms. Isso ajuda a recuperar e estabilizar os níveis de serotonina do bottom.

Durante a sessão, não se esqueçam de beber água pra hidratar, principalmente se você, assim como eu, sua muito.



TERMINANDO A SESSÃO


Existem dois caminhos possíveis para encerrar a sessão. Um é terminar do jeito mais forte, intenso e impactante possível, onde se aumenta gradativamente como explicado ali em cima e se mantém no topo até a hora que ambos acharem que deve encerrar.


Queda brusca da intensidade ao terminar no clímax


O outro, é voltar pelo mesmo caminho que se foi, ou seja, reduzir lentamente a intensidade e velocidade dos golpes, alternando entre as variações, até chegar naquelas carícias de novo.


Redução gradual da intensidade ao fazer o caminho inverso



Ambos tem seus prós e contras.

No primeiro, a chance do bottom sofrer um drop imediatamente após a sessão é maior, visto que a produção dos hormônios que atuam nessas situações (vou fazer um texto sobre isso em breve, relaxa) é encerrada "no susto". Quando o corpo entender que não precisa mais produzir esses hormônios na velocidade e quantidade que estava produzindo, imediatamente são liberadas substancias que irão anular aqueles efeitos e aí, meu camarada... babau. É choro e tremedeira na certa.
Se você tem um bom relacionamento com o bottom, tem segurança para administrar essa situação e foi informado pelo bottom de que isso pode ser feito, cai pra dentro que é só alegria (e é um show à parte se for feito na presença de outras pessoas que sabem o que está acontecendo).

No outro caminho, todos esses riscos são minimizados e o Top acaba entrando automaticamente no aftercare, deixando o bottom deslizar para a calmaria de um jeito mais sutil. Muitos recomendam que pessoas inexperientes sigam este caminho, justamente para evitar riscos maiores. 

Eu gosto de ambos, já fiz de ambas as maneiras e foi bem legal dos dois jeitos. Cabe a cada um experimentar e se arriscar (sabendo os riscos que corre) com seu parceiro. Se você tem em mente todos os riscos e cuidados que deve ter, pegue seu bottom e vá se divertir.


É isso aí, pessoal.
Até a próxima!

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Sobre Orgasmos

Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.

Se você é mais detalhista, deve ter percebido que surgiu um novo botão na coluna aqui ao lado ------------------------------------->
Como todos sabem, a situação tá braba e escrever textos gasta um bom tempo (alguns podem levar mais de uma semana!) Então, se você gosta do blog (e acha que eu mereço), pode fazer uma doação e me ajudar a continuar postando e trazendo conteúdo de qualidade.

Este texto é mais um de uma série de textos retirados resgatados de um blog de uma grande amiga minha que decidiu deixar o meio há algum tempo. Depois de uma busca feroz pela internet, consegui reencontrar a pessoa que, graciosamente me deu autorização de roubar transcrever os textos dela e fazer todas as alterações que fossem necessárias.

Então, vamos lá?

Ela traduziu este texto há algum tempo e achei que seria bem legal relembrá-lo. Está na integra como ela fez, com algumas correções de erros de digitação e uns adendos meus (marcados em azul, como estes primeiros parágrafos).

Divirta-se!

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Este é um texto encontrado no Fetlife, do qual gostei muito. Não é necessariamente kink ou baunilha, não é diretamente sobre nenhum tipo de fetiche, mas acho que é um bom alerta para casais que estão se descobrindo.

O usuário Mixtape_Heart tem uma série de artigos interessantíssimos sobre kink e sexo/práticas sexuais, e esse foi um dos que mais me chamou atenção por ser técnico porém com um lado emocional bonito. muito honesto. troquei mensagens com ele e consegui a autorização para traduzir e postar seu texto aqui no meu blog. espero que gostem tanto quanto eu. ainda traduzirei mais um, se assim for autorizado : )

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Guias Sexuais Infelizmente Necessários #2: Lá Vão Os Orgasmos 

Vamos então falar de algo que todos conhecem e amam: os orgasmos! Mais especificamente, a importância dos orgasmos enquanto parte de nossa percepção de uma experiência sexual específica.  
Antes de mergulharmos na questão, deixe-me esclarecer uma coisa: eu não vou dizer aqui que orgasmos são algo ruim. Quero deixar isso bem claro (ainda que eu mesmo não esteja certo de que quero um a qualquer custo). Não; o que estou dizendo é simplesmente que o foco excessivo no orgasmo como a coisa mais importante, essencial, em uma relação sexual pode nos levar a perder muitas experiências incríveis que aparecem no meio do caminho. 
De fato, nossa programação cultural aqui nos EUA (e também no Brasil!) nos ensina que falhar em dar ao parceiro um orgasmo significa que falhamos em nosso papel de parceiro sexual. E isso pode ser algo muito difícil de ser "desprogramado" em nosso cérebro, mesmo depois de reconhecer o orgasmo pelo que ele é, e mesmo depois de tentar romper com esse estigma. Mas libertar-se disso pode ser muito positivo e, desculpem a repetição de palavras, libertador. E vale a pena gastar seu tempo com isso. 
Então, um, dois, três, lá vou eu!  
O que um orgasmo mede? 
Ele mede que você e seu parceiro tiveram um. parabéns! 
O que um orgasmo não mede? 
Qualquer outra coisa, na verdade. um orgasmo não mede, necessariamente, se o sexo foi bom ou não, ou se a brincadeira foi boa; isso seria o mesmo que dizer que um bom prato principal no restaurante significa que o encontro foi bom. quero dizer, não é que o orgasmo possa diminuir o valor de uma noite, mas ele também não pode garantir que o encontro sexual foi completamente satisfatório (pelo contrário, ele muitas vezes serve apenas como compensação por um encontro mediano: "não foi lá essas coisas, mas pelo menos eu gozei"). 
Muitos de nós (talvez pessoas demais) já tiveram a experiência de atingir o orgasmo durante um encontro/sessão que não vinha sendo lá muito inspirador, e que mais parecia apenas uma função biológica, estimulação e um parceiro persistente em fazer o orgasmo acontecer. Ao mesmo tempo, aposto que muita gente consegue se lembrar de noites quentíssimas que não necessariamente envolveram orgasmos. ou, se envolveram, o momento do orgasmo não é o mais memorável daquela noite. 
Mais uma vez, não estou aqui advogando contra os orgasmos. ou dizendo que eles não podem ser a parte mais incrível de uma sessão. É óbvio que orgasmos podem ser sensacionais, plenos, íntimos e maravilhosos. Mas o que quero dizer é que eles não têm de ser a única coisa que causa tais sensações em um encontro sexual. 
  
A falta de orgasmo não significa que algo maravilhoso ficou faltando  
Antes de prosseguirmos, é importante mencionar que algumas pessoas têm muita dificuldade de atingir o orgasmo, ou que precisam de muito tempo e esforço para o atingirem. E um número significativo de pessoas não tem orgasmos nunca, seja por questões médicas ou por suas histórias pessoais, ou por aversão psicológica ou ainda por preferência. 
E, adivinha: muitas dessas pessoas adoram fazer sexo e participar de práticas sexuais com seus parceiros. eles aprenderam a extrair a alegria, a diversão, a excitação e a satisfação de outras fontes que não o alívio orgástico. E isso é perfeitamente ok. Não há nada necessariamente errado com isso. 
Como tudo mais que tem a ver com sexo e com brincadeiras sexuais, compreender como seu parceiro encontra prazer é parte essencial na hora de desenvolver essa conexão. Com ou sem orgasmos, e não importando o que isso representa pra eles, essa é uma informação que provavelmente será muito valiosa para você, para que você aprenda conforme a conexão dos dois vai aumentando. E, falando no que pode ou não fazê-lo gozar... 

"Aceito o desafio!" também não é a resposta mais adequada.  
Quando um parceiro lhe diz algo como "não consigo gozar com sexo oral" ou "eu raramente consigo gozar apenas com penetração", ou ainda "eu só consigo gozar quando estou vestindo uma máscara de Dalek (uma raça de personagens de "Doctor Who") e sendo asfixiada com spaguetti al dente por alguém vestido de Coringa fazendo cosplay de Fluttershy (personagem de "My Little Pony") ao som da trilha sonora do Show de Talentos de Inverno de "Garotas Malvadas" tocando ao fundo repetidamente", eles estão, geralmente, te dando informações muito úteis. 
Em geral, é porque eles sabem - provavelmente por experiência adquirida em relações anteriores - que você pode ficar confuso ou se perguntado se está fazendo algo de errado, já que não está conseguindo fazê-lo/a gozar com atividades que geralmente fazem a maioria das outras pessoas atingir o orgasmo. Então essas pessoas aprenderam a contar, logo de cara, que têm essa ou aquela "dificuldade", para evitar confusão e frustrações. 
O que elas não estão fazendo, definitivamente, é criando um desafio.
Não, não estão! Partir do princípio de que estão pode levar a dores de cabeça para os dois. Talvez você tenha a língua mágica que vai levá-la ao clímax quando nenhuma outra conseguiu mas existem chances iguais de que se fixar nessa questão e devotar toda a sua energia em tentar fazer aquilo acontecer vão te fazer perder outras oportunidades de dar prazer a ela de outras formas, que ela pode aproveitar muito mais. 
Outro problema em se concentrar demais nos orgasmos é o fato de que existem centenas de outras brincadeiras sexuais que não envolvem orgasmo. Falando por experiência própria, eu não costumo gozar com sexo oral, ainda mais se o parceiro/a for novo. isso não quer dizer que eu não goste de sexo oral! 
Mas também posso dizer, com base em minhas experiências pessoais, que quando um parceiro/a fica sabendo da minha incapacidade de atingir o orgasmo com sexo oral, e a partir daí assume a atitude de "aceito o desafio!" perante o meu apêndice inflável favorito, focado apenas em me fazer gozar com sexo oral, isso me faz ficar extremamente paranóico. Porque eu então sei que ele/a está dando muito duro para que eu tenha um orgasmo (sacou a piadinha?), e eu fico querendo atender a essas expectativas, mas aí começo a pensar demais, o que torna o orgasmo cada vez menos provável. 
Então minha cabeça começa a ficar cheia demais e de repente eu passei de aproveitar um momento gostoso a me preocupar com o fato de que meu parceiro/a pode ficar triste ou desapontado ou cansado se eu não gozar, e nada disso teria acontecido se eu não tivesse dito nada, ou se ele/a não tivesse me dito que ia insistir até que eu tivesse um orgasmo e ser a exceção de minhas experiências. Não quero com isso dizer que fico ressentido com eles ou nada do tipo, por favor. Só estou dizendo que o foco em tentar me fazer ter um orgasmo ao invés de apenas curtir a experiência sexual introduziu na dinâmica um fator que complicou toda a situação.  

Orgasmos são como flocos de neve. Flocos de neve grudentinhos.  
No fim, o importante é compreender que, mesmo dentre aqueles que têm orgasmos com facilidade, os orgasmos têm em uma variedade absurda de formas, e esperar que seu parceiro reaja como outros reagiram no passado é uma expectativa irreal. Uma mesma pessoa pode ter uma variedade de orgasmos diferentes com base em tipos diferentes de estímulos, em por quanto tempo foram estimulados, no local do encontro ou (naturalmente) dependendo do parceiro/a com quem estão. Algumas pessoas não conseguem gozar sozinhas, outras só conseguem assim. Para algumas pessoas, é fácil atingir o orgasmo, para outras a experiência é rara. 
Então, podemos dizer que o orgasmo é uma parte pessoal intensa da identidade sexual de cada um de nós. Algumas pessoas têm orgasmos como o maldito Batman - misterioso, imprevisível, quase uma lenda urbana. Outros têm orgasmos como o Foot Clan (ninjas inimigos das Tartarugas Ninja") - eles vêm em grupos, um seguido do outro, e não param de surgir até que você os acalme. Muitos de nós caímos em algum ponto no meio disso, como o Quarteto Fantástico, ou talvez um Fantástico, talvez dois, e aí vamos deitar em conchinha e dormir. 
Então pare e pense um pouco sobre os orgasmos que você já teve, se você já teve algum (e, se não teve, tudo bem!). Pense sobre o que te excita. Pense sobre as diferentes maneiras como você expressou essa descarga sexual no passado. Pense nas atividades que você gosta de fazer, nas atividades que te ajudam a chegar ao orgasmo, e também nas atividades que você adora mas que não te levam ao clímax, mas que gosta de fazer mesmo assim, porque te dão prazer.  
Existem boas chances de que sua lista seja bem extensa, e essa é apenas a sua lista. Adicione na conta alguns parceiros/as e suas próprias variações orgásticas a essa mistura, e você terá uma liga inteira de Superamigos para obter momentos de prazer intenso. 
Parece bom, não? 
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Grande grande aviso (não é?) Como qualquer post sobre sexualidade, e especialmente sobre algo tão pessoal quanto orgasmos, considere este post marcado com uma grande etiqueta "Os resultados podem variar". Tempere com sal a gosto. E - de novo, com sentimento - lembre-se que nada neste texto diz que orgasmos são ruins, ou que se dar a você mesmo, ou ao seu parceiro, um orgasmo não é uma coisa boa. De verdade! 
* Não, não vou parar de fazer piadas péssimas. Sim, eu sei que isso me torna uma péssima pessoa. 
** Isso ainda não significa que eu vou te atacar à noite. 
ATUALIZAÇÃO: Então, aparentemente, no fim das contas isso vai acabar virando uma série. Sinta-se livre para conferir outros posts no meu perfil, como este sobre a etiqueta adequada ao receber um boquete ou este sobre momentos sexuais grupais (textos do autor original). Além disso, se quiser seguir meus próximos posts, pode me mandar uma solicitação de amizade sem problemas. Divirta-se!



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Até a próxima!