Caso encontre algum termo desconhecido, recomendo a utilização do meu Glossário BDSM, que está dividido em 2 partes (vide links a seguir): Parte 1 e Parte 2.
Continuando a saga de tentar pôr os pingos nos is sobre esse nosso (não tão) pequeno mundinho, vou tentar abordar alguns pontos de outros posts (resumidamente) e alguns que ficaram faltando na primeira parte.
Continuando a saga de tentar pôr os pingos nos is sobre esse nosso (não tão) pequeno mundinho, vou tentar abordar alguns pontos de outros posts (resumidamente) e alguns que ficaram faltando na primeira parte.
Papeis
Recapitulando e resumindo bem,
no BDSM são encontrados 3 papeis em que um praticante pode se incluir: Top,
Bottom e Switcher.
Top é o parceiro “ativo”. O que
recebe o poder e que aplica a tomada de decisões e a ação das práticas.
Hierarquicamente está acima.
Bottom é o parceiro “passivo”.
É quem entrega o poder e a capacidade de tomar decisões. É quem recebe as
práticas. Hierarquicamente está abaixo.
Switcher é o indivíduo que
transita entre as duas posições, seja sazonalmente, seja de acordo com o
parceiro em cada ocasião, ou até mesmo durante um único encontro, caso o
parceiro seja outro switcher ou sejam mais parceiros em diferentes posições.
Existe uma variedade incrível
de combinações comportamentais de switchers, cuja abordagem que não caberá
neste texto, mas que pretendo cobrir um dia (num futuro não muito longínquo,
espero, rs). Estas variações são comparáveis, ainda que de maneira muito
superficial, às categorias centrais da Escala Kinsey (imagem ao lado), excetuando-se apenas os
100% heterossexuais e 100% homossexuais, tendo switchers com predominância
Top, predominância bottom (ambos com uma subvariação no nível de predominância),
equivalência entre os lados, duração dos períodos em que estão mais Tops ou
mais bottoms, etc.
Há ainda as variações de acordo
com as práticas, onde um switcher pode ser masoquista (bottom) e dominador
(Top) ao mesmo tempo, ou o inverso, sádico e submisso, ou ser um Rigger
cuckold, ou um podólatra tickler, enfim, as variações são diretamente proporcionais
à quantidade de práticas existentes no BDSM.
Há ainda quem defenda a teoria
de que Switcher é uma condição, uma natureza que existe em cada uma das
posições, ou seja, um Top de natureza Switcher agiria como bottom em uma
determinada ocasião, e um bottom de natureza Switcher agiria como Top em
determinada ocasião, porém, sua predominância (como a pessoa se apresenta) no
dia-a-dia prevaleceria.Se quiser ler um pouco mais sobre tipos de Top e de
bottom, clique AQUI e AQUI, respectivamente.
Relacionamentos
Segundo o Dicionário Priberam:
- Ato de relacionar ou de se relacionar;
- Ligação afetiva ou sexual entre duas pessoas = RELAÇÃO
Relacionamentos são uma
constante humana. São a ligação afetiva ou profissional entre duas pessoas que
se unem com objetivos e interesses semelhantes. Envolve convivência,
comunicação e atitudes recíprocas, bem como confiança, empatia, respeito e
harmonia para ser proveitoso e prazeroso a todos os envolvidos.
No BDSM isso não é diferente e,
assim como na vida baunilha (se você ainda não sabe o que é “baunilha” no
contexto BDSM, clique AQUI e dê uma lida na primeira parte do Glossário), existem diversos tipos
de relacionamentos, mas, aqui, estes envolvem práticas diversas. De forma
ampla, temos as práticas avulsas (cenas), sessões avulsas, play partnership,
relações de longo prazo e até mesmo relações profissionais, mas antes de
falarmos dos tipos gerais de relações existentes no BDSM , precisamos passar
por um ponto muito importante – fundamental, na verdade – em todos os tipos que
serão abordados mais pra frente: a negociação.
Negociação
Este é um ponto essencial para
o bom desenvolvimento de qualquer relacionamento BDSM. Durante esta fase, os
futuros parceiros terão (ou pelo menos deveriam ter) tempo e liberdade para
expor suas vontades, desejos, expectativas e preferências, e, caso estas sejam
conflitantes com as do outro, de chegar a um meio termo ou de decidirem quem
irá ceder – ou não – ou simplesmente, interromperem a negociação e seguirem
cada um pro seu lado.
Na negociação são abordados
detalhes relevantes da vida privada de cada um, onde ocorre a troca de
informações sobre:
Comportamento: como a pessoa se
comporta em determinadas situações e como espera que o outro se comporte;
Experiências vividas:
informações gerais e superficiais (nada de sair falando da vida alheia pros
outros! Isso é MUITA falta de ética!) sobre relacionamentos anteriores (ou a
ausência destes);
Expectativas para futuros
relacionamentos: o que é esperado do próximo parceiro e da convivência entre
ambos;
Gostos e fetiches: o que a
pessoa acha interessante e desinteressante, pelo quê se sente atraído e
repelido, o que o(a) excita e é “broxante” e o que tem vontade de praticar ou
não;
Fobias e Medos: não precisa de
definição, né? rs;
Limites: algo que não se pode
fazer, seja por vontade ou por necessidade/impedimento. Podem ser coisas que a
pessoa não quer que aconteçam com ela na cena/sessão, ou até mesmo tipos de
interação com o parceiro. Podem ser de dois tipos:
- Brandos: são limites que podem vir a ser trabalhados e/ou rompidos futuramente;
- Rígidos: são limites que, de forma alguma, serão rompidos. São práticas inaceitáveis, comportamentos inaceitáveis, impedimentos por motivos de saúde, etc.;
Saúde: alergias, traumas
físicos sofridos (fraturas, deslocamentos, entorses), procedimentos cirúrgicos,
quadro psicológico, histórico de saúde familiar, DSTs, quaisquer doenças ou
alterações no quadro clínico, quer sejam consideradas relevantes ou não. Nunca
se sabe o que pode vir a influenciar em praticas ou cenas ou relações, ou...
É nesta etapa também onde os
parâmetros do relacionamento serão estabelecidos. Tais como: periodicidade e
duração estimada dos encontros, formas de contato, nível de influência do
relacionamento na vida baunilha, locais dos encontros, definição de safewords
(clique AQUI para ver a parte 2 do glossário) e, provavelmente outros fatores e
parâmetros que não me vêm à mente no momento (são muitos detalhes mesmo, rs)
Ainda na fase da negociação,
existe um momento onde muitos casais/trios/quartetos/clãs/etc. decidem
registrar os termos da negociação, seja para dar um tom mais “formal”, seja
como uma forma de documentar, seja como lembrete do que foi acordado entre os
envolvidos. Isto se dá através de um CONTRATO, que, como um contrato normal,
inclui os dados dos participantes, suas afirmações sobre como se portarão e
esperam que o outro se porte, tipos de práticas que serão feitas e quais
instrumentos serão usados, detalhes da saúde e dados médicos essenciais,
detalhes dos encontros (quem, quando, onde), e qualquer outra coisa que julguem
importante estar escrito. O contrato ainda pode incluir uma cláusula onde se
estipula a periodicidade com que o mesmo será revisto e possivelmente
alterado. Ao final, assinam o contrato como uma forma de “fechar negócio” e dão
início ao relacionamento de fato.
Vale lembrar que este contrato não tem validade legal, é apenas uma forma física do que foi acordado verbalmente.
Vale lembrar que este contrato não tem validade legal, é apenas uma forma física do que foi acordado verbalmente.
UFA! Passamos da negociação!
Vamos ver os tipos mais comuns de relações existentes no nosso meio?
Tipos de relacionamentos
Cenas
Cenas são interações (práticas)
que ocorrem entre Top e bottom – compromissados um com o outro ou não – de
maneira avulsa, ou seja, apenas uma vez, geralmente em ambiente público como
festas (fetichistas ou não) abertas ou play parties (veremos mais sobre isso lá
na frente). Geralmente, ocorre uma rápida negociação sobre o que será feito e, após
a cena, finda-se a relação estabelecida.
Sessão Avulsa
Uma sessão acontece após uma
negociação relativamente breve entre Top e bottom que não têm um compromisso,
onde são abordados pontos julgados importantes e/ou necessários por ambas as
partes. Na sessão ocorrem uma ou mais práticas, de acordo com o que for
combinado entre os parceiros, geralmente em ambiente privado, mas podem ocorrer
situações onde existam outros indivíduos presentes, seja como espectadores
(voyeur) ou como participantes em qualquer posição (Top, bottom ou switcher).
Detesto fazer isso, mas... é o equivalente ao “ficar” baunilha.
Play Partnership (Parceria)
É uma relação entre play
partners, ou seja, parceiros de jogo (ou brincadeira/cena... definição à sua
escolha). Envolve uma negociação prévia mais detalhada. Neste tipo de relação,
os parceiros não têm um compromisso de exclusividade, mas têm sessões avulsas rotineiramente,
em ambientes públicos ou privados. Geralmente é o tipo de relação preferida dos
bottoms que são masoquistas não-submissos, pois os livra da obrigatoriedade e
do compromisso existentes no próximo tipo de relação.
Relações de longo prazo
Este tipo de relação é,
provavelmente, o tipo mais famoso. É chamado vulgarmente de D/s (Dominação e
submissão), mas pode ser R/b (Rigger/bunny – bondagista/”bondagette” ou
“donzela”, D (Discipline – Disciplina) S/m (Sadist/masochist –
Sádico/masoquista), M/s (Master/slave – mestre/escravo), O/p (Owner/pet –
Dono/bichinho), DD ou MM/lb ou lg (Daddy ou Mommy/littleboy ou littlegirl –
Papai ou Mamãe/menininho(a)) e muitos outros. Há quem defina a relação de
disciplina como Tamer/brat (Domador/pirralho).
Consiste em uma interação
longa, que se inicia com uma extensa e extenuante negociação, onde todos os
parâmetros futuros da relação são tratados, bem como os detalhes da vida
particular dos interessados, questões de saúde, etc. Após esta longa
negociação, podem ocorrer várias fases, de acordo com as preferências e
exigência do Top, em que o bottom será constantemente testado e avaliado, para
ver se sua postura é adequada aos olhos do Top. Da mesma maneira, o bottom irá
perceber, ao longo do tempo, se as vontades do Top são correspondentes às suas expectativas
e se o Top merece sua servidão. Este período pode ter vários nomes, como: Avaliação,
Consideração, Adestramento, Treinamento, etc.
Caso tudo corra bem, ocorre o
encoleiramento, que pode ser feito em público ou não, significando que aquele
bottom passou a pertencer de fato ao Top. Estas etapas são mais raras – se não
inexistentes – em relações exclusivamente S/m, onde o bottom não é submisso e,
no Brasil, em relações T/b, onde alguns brats se excluem da categoria
“Submissos”.
Este tipo de relação implica em
um compromisso firmado, podendo ser monogâmicas ou poliamorosas. No caso poliamorista,
geralmente, o Top tem vários bottoms sob seu comando. Há ainda a situação mais
incomum onde um ou mais bottoms podem estar sob comando de vários Tops, ocorrendo
quando o bottom em questão é servo de uma casa ou clã onde existam vários Tops.
Sessões e cenas ocorrem
livremente entre os indivíduos, de acordo com o cronograma estabelecido
previamente, ou de acordo com a vontade do Top.
OBS.:
Existe uma categorização de
relações D/s definida como 24/7.
Esta “categoria” é derivada da
troca de poder do tipo TPE (abordada mais à frente), e nela, o casal vive em
D/s constante, sem intervalos ou pausas. É considerado um tipo muito semelhante
ao M/s, com poucas ressalvas para diferenças entre os bottoms (submisso e
escravo). Ver AQUI.
Existem outros tipos de
relação, como protetorado, mentorado e treino, que abordei NESTE post.
Profissionais
Existem pessoas que oferecem
seus serviços como Dominantes Profissionais, que são conhecidos popularmente no
meio como Pro-Dom/me(s) e, no caso das dominadoras profissionais, o termo
Dominatrix também é bastante usado. Estes Tops cobram por seus serviços que
podem englobar bondage, disciplina, dominação e práticas sádicas.
Também existem Submissos
Profissionais, ainda que em escala muito menor. Estes cobram para servirem a um
Top, por um determinado prazo, e seus serviços variam desde serviços domésticos
até práticas de medical play (como enemas), e práticas mais extremas como
electrical play (choques e eletroestimulação).
Em ambos os papeis, mulheres
são muito mais comuns que homens e Tops são muito mais comuns que bottoms.
Esse é um tipo de relação um
tanto quanto controverso no Brasil, por comparação com a prostituição, o que,
na maioria dos casos, é uma comparação não muito exata, visto que relações
sexuais propriamente ditas são raras e, quando ocorrem, majoritariamente não
tem ligação com o serviço prestado em troca do dinheiro.
Trocas de Poder
Um assunto muito debatido no
BDSM é sobre quem realmente comanda a relação: o Top ou o bottom.
“Mas como
assim?”
Exatamente! E a resposta torna isso tudo menos óbvio do que aparenta aos olhos de um observador desatento.
A interação Top x bottom só funciona bem – e se diferencia do abuso – quando ocorre a Troca de Poder, ou seja, quando um bottom dá a um Top a autoridade e a capacidade de tomar as decisões na relação (seja ela qual for), e quando o Top assume a responsabilidade de garantir a felicidade, prazer, saúde e segurança do bottom.
Exatamente! E a resposta torna isso tudo menos óbvio do que aparenta aos olhos de um observador desatento.
A interação Top x bottom só funciona bem – e se diferencia do abuso – quando ocorre a Troca de Poder, ou seja, quando um bottom dá a um Top a autoridade e a capacidade de tomar as decisões na relação (seja ela qual for), e quando o Top assume a responsabilidade de garantir a felicidade, prazer, saúde e segurança do bottom.
O espectro destas Trocas de
Poder é imensamente amplo e pode estar explícito por negociação e contrato ou
implícito na consensualidade do relacionamento. No entanto, convencionou-se
dividir esse espectro em 3 grandes grupos generalistas, de modo que fique mais
fácil informar a uma outra pessoa que tipo de trocas se está disposto a efetuar.
Troca de Poder Erótica ou Erotic Power Exchange (EPE)
Este é o nível mais básico, mas
não menos intenso, de troca de poder. Neste nível, independente do tipo de
relacionamento existente, o bottom deixa claro que o poder de controle sobre
suas decisões é exclusivamente seu, exceto nos momentos específicos de contexto
sexual ou de sessão, onde cede ao Top o direito de controlar suas ações e
comportamento.
Muitas vezes, casais baunilha,
que começam a se interessar por brincadeiras fetichistas e que resolvem
“apimentar a relação”, acabam caindo neste tipo de troca de poder, ainda que
não façam ideia do que é BDSM.
Este tipo de relação é bastante
comum em casais onde o bottom é masoquista não-submisso. Também é bastante
comum a denominação Dominador/submisso ou Dono(Mestre)/escravo, ainda que fora
do “quarto”, a dinâmica do casal seja horizontal.
Troca de Poder Parcial ou Partial Power Exchange (PPE)
Este nível é intermediário. O
Top tem o poder de controlar vários fatores da vida do bottom, mas não todos. O
bottom ainda impõe diversos limites e tem a possibilidade de se negar a várias
coisas. Geralmente a influência do Top acaba nos âmbitos financeiro, familiar e
profissional. A verticalização da relação é uma constante, e a hierarquia fica
mais explícita no dia-a-dia dos parceiros. Aqui o Top começa a poder controlar
os horários, alimentação e atividades do bottom, tendo um certo nível de
influência nas relações interpessoais que o bottom possa ter tanto na vida
fetichista quanto na vida baunilha.
Troca de Poder Total ou Total Power Exchange (TPE)
É o nível mais profundo, onde o
bottom cede completamente à autoridade e entrega a responsabilidade de sua vida
nas mãos do Top. Diferentemente do que se imagina, TPE não significa estar,
necessariamente, em uma relação de longo prazo integralmente. TPE pode ocorrer
em ocasiões específicas por um tempo limitado, como uma play por algumas poucas
horas, ou por alguns poucos dias ou semanas, desde que seja acordado e
consentido por 2 adultos responsáveis. No entanto, a maioria das TPEs são
relações D/s 24/7, onde ambos moram juntos como um casal – ainda que estes
detalhes não sejam essenciais para o funcionamento da relação.
Um termo mais usado lá fora,
que se assemelha quase integralmente, é “Escravidão Consensual” (Consensual Slavery), que, talvez, defina melhor o que seria uma relação TPE 24/7.
A TPE é um nível intenso e
perigoso de troca de poder, onde a confiança do bottom no parceiro Top deve ser
colossal, a fim de saber que estará seguro, tanto física, quanto
psicologicamente, e onde a responsabilidade do Top se torna máxima, podendo ser
o responsável, até mesmo pelas finanças e pelos detalhes da vida baunilha do
bottom.
“Podendo ser?” Então não é
obrigatório?
Não, não é. Existe a “crença”
de que, por ser TPE, automaticamente o Top terá a obrigação de gerir, tanto a
nível macro quanto micro, os detalhes da vida do bottom. No entanto, isso não é
verdade. O que ocorre é a existência dessa possibilidade de gestão, cabendo ao
Top decidir se irá, de fato, ocorrer ou não. Ou seja, o Top passa a ter o
poder, mas não é obrigado a usá-lo. Todas as decisões finais são tomadas pelo
Top, mas na realidade, em um relacionamento saudável, todos os assuntos são
discutidos e conversados extensivamente e, geralmente, as considerações do
bottom são levadas em consideração.
Vale lembrar que a existência
de Safewords ocorre em todos os níveis de troca de poder, assim como os limites
e o respeito por eles. Viver uma relação M/s ou TPE D/s 24/7 não significa que
o Top terá o direito de ignorar os limites rígidos impostos lá na negociação,
sem que isso tenha sido conversado e autorizado pelo bottom a se transformar em
um limite brando para ser trabalhado e, talvez, quebrado.
Há quem diga que, se o bottom
tem o poder de restringir o controle total do Top (com limites e safewords),
não é uma troca total, mas esta é uma área bastante nebulosa e que beira a
discussão filosófica, então fica no ar a proposta do debate.
Emblema BDSM
Para evitar ser redundante e, como
não vou conseguir explicar tão bem quanto os autores das minhas fontes, esta
parte será inteiramente traduzida de dois sites diferentes. O primeiro
parágrafo (em amarelo) foi retirado do site de um ourives que faz peças voltadas ao público
fetichista: FetJeweller.
O texto subsequente (em azul) foi retirado do site do BDSMblem Project,
do Steve Quagmyr, criador do símbolo da comunidade BDSM.
“Em meados da década de 1990, um debate na AOL definiu o rumo para o que conhecemos hoje como o emblema BDSM. Existia uma ideia de que um símbolo era necessário para representar este tipo de sexualidade e estilo de vida. O símbolo também precisava ser um pouco misterioso. Quando usado, não poderia atrair muita atenção de “observadores baunilhas”. Deveria ser facilmente reconhecido por aqueles que soubessem o que era. No fim, Steve Quagmyr, um dos líderes do debate, criou um emblema que lembra o design do yin-yang. A escolha deste design foi influenciada por uma descrição do anel dado a “O” no romance “A história de O” (que é bastante diferente do anel usado na versão do filme). O anel descrito no livro “... tinha um aro com três raios ... com cada aro espiralando sobre si mesmo ...”.
“O BDSMblema não tem um simbolismo “óbvio” porque foi criado para ser enigmático. Para o observador baunilha que seria repelido pelo BDSM, é apenas uma joia atrativa. Sendo assim, nós podemos usá-lo livremente como um cumprimento amigável, aceno de cabeça e uma piscadela para outros BDSMers que, por acaso, venhamos a passar nas calçadas e corredores de nossas vidas cotidianas.
Para quem está inserido, no entanto, o Emblema é cheio de significado.
As três divisões representam as várias trindades do BDSM. Primeiro, as três divisões do BDSM propriamente dito: B&D, D&S, S&M. Em segundo lugar, o credo tríplice MAIS USUAL do comportamento BDSM: São, Seguro e Consensual. Em terceiro lugar, as três divisões da nossa comunidade: Tops, Bottoms, e Switchers.
É este terceiro simbolismo que dá significado aos furos em cada unidade. Já que o BDSM é, pelo menos, um estilo de jogo e, no máximo, uma forma de amor, os furos representam a incompletude de qualquer indivíduo dentro do contexto BDSM. Independente do quão “juntos” e “inteiros”os indivíduos possam ser, continua existindo um vazio que só pode ser preenchido por um outro complementar. BDSM não pode ser feito sozinho.
A semelhança com uma variação de três partes do símbolo do Yin-Yang não é acidental. Enquanto o contorno curvo do Yin e do Yang representam a fronteira nebulosa entre onde um termina e o outro começa, as bordas curvas aqui representam a divisão indistinta entre B&D, D&S e S&M.
O metal e a cor metálica do medalhão representam as correntes ou grilhões do servidão/posse no BDSM. Os três campos internos são pretos, representando a celebração do lado escuro controlado da sexualidade BDSM.
As linhas curvas podem, elas próprias, serem vistas como uma representação estilizada de um chicote ao ser sacudido, ou até mesmo um braço em movimento para desferir um espancamento erótico. O círculo abrangente, é claro, representa a unidade sobreposta de tudo isso, e a unicidade de uma comunidade que protege a si mesma.”
Ainda em seu site, Steve
Quagmyr explana de forma ampla e longa as diferenças e semelhanças entre o
Emblema BDSM e triskeles parecidos que ocorrem em diversos grupos étnicos,
religiosos e até mesmo marciais pelo mundo. Ele cita ainda uma carta recebida
que demonstra claramente os motivos pelos quais o símbolo deve ser usado de
maneira correta, com o mínimo de alterações possíveis (ou nenhuma, se
possível), para evitar mal entendidos que serão potencialmente ofensivos e
podem até gerar uma resposta agressiva (como confundir um estudante de
percussão budista, ou um praticante de artes marciais derivadas de Okinawa com
um BDSMer, por exemplo).
Existem 4 critérios críticos
que definem o design do Emblema BDSM:
1. O
aro e os raios são de uma cor que indica metal;
2. O
aro e os raios são de largura uniforme com os aros curvando-se em sentido
horário;
3. Os
campos interiores são pretos;
4. Os
furos nos campos são realmente furos e não pontos.
Se você quiser ler mais sobre o emblema, basta clicar no link do primeiro parágrafo desta seção e encarar alguns textos em inglês. Se você não sabe nada de inglês, tem dificuldade, ou se, como eu, tem sérios problemas pra se lembrar das palavras em português na hora de escrever um artigo pro seu blog: viva o Santo Google Tradutor! rsrs
Obrigado pelo seu esforço em traduzir e deixar coeso tanta informação.
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